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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Tristeza


Segunda-feira, as 5:10 acordei assustado... Não sei o que que me deu, começei a chorar...muito mesmo... Nem me lembro a última vez que chorei...
parecia que tava descarregando uma montanha das minhas costas...

De uns tempos pra cá, tenho resolvido muitos problemas de amigos, muitos problemas de família, é amigo que me liga triste, é mãe e pai que me ligam discutindo no telefone, e eu como sempre; do meu modo...Os acalmo e no final estão todos rindo das minhas palhaçadas.

Um dia desses na faculdade, uma menina nova que entrou na minha sala, tava falando com a professora de Pscicologia, que por mais desgraçada que a vida dela estava, não tinha como ficar triste, porque todo dia de manhã, quando ela chegava na sala, eu dava um abraço bem forte nela...

Fiquei reparando... Todo mundo vem me contar segredo, vem dividir o peso comigo, e eu ali, sempre pronto pra apoia-los; não sei o que acontece, se me acham engraçado, o que que é?

Só sei, que com cinco minutos de conversa as pessoas se sentem seguras pra desabafar.

Nunca achei isso ruim; mas não sei se realmente se tantos problemas está me fazendo bem.

Voltando... Levantei fui pra faculdade, não tava bem: Minha professora disse na frente de todo mundo: - Uai moço, cadê aquele brilho no seu olhar, não deu um sorriso hj?

Fiquei sem reação, no fim da aula, todo mundo, até gente que eu não tinha intimidade veio perguntar o que que eu tinha...Disse que tava de boa...

Mas não tava.

Cheguei em ksa, coloquei uma frase no meu msn : Tristinho....querendo colo!

Nuss...me surpreendi........abriu umas 30 janelas de uma vez, todo mundo perguntando se morreu alguém, pq eu tava triste, que eu podia contar com eles, e por ai foi...

Fiquei surpreso, por mais essa imagem que as pessoas fazem de mim, um cara palhaço, forte, que tá sempre com a vida ótima, cheio de planos, de convites, e que nunca sofre por nada.

Da única vez que deixei claro minha carência, todo mundo achou que tinha morrido alguém da minha fámilia...

Ao mesmo tempo da surpresa, me senti bem...Por saber que posso ajudar muita gente com minha alegria, e que quando eu precisei, tinha muita gente pronta pra me ouvir.

é meio chato e deprimente ficar falando disso né? No meu blog todo, nunca teve um post sobre isso.

O fato é que, tô melhorando.

O por quê da tristeza?

Cansei de cuidar de todo mundo, cansei de dar colo pra todo mundo: Sabe! Tá na minha vez; Eu preciso de colo agora, eu preciso de ser cuidado...

To carênte, me sentindo sozinho, não tenho vontade de comer, de ver gente, de ver um filme... é como se eu vivesse vagando, sem vida...

Não me sinto mal, por algumas pessoas pensarem que isso é porque eu quis, que o fato de eu não ter um namorado ou alguém pra dividir as coisas é culpa minha, por conta de eu ter escolhido estar sozinho...Sempre fui um cara de boa, nunca fiz mal pra ninguém, pelo contrário sou até meio pastel de tanto que o povo faz sacanagem comigo e depois eu to lá conversando sem rancor nenhum...

Sempre fui franco em relação aos meus sentimentos, e inclusive sempre deixei claro quando estava amando, nunca menti, e sempre odiei joguinhos; por isso minha consciência tá limpa.

O que poderia concordar, é que meu jeito assusta, as pessoas tem medo de se aproximarem de mais de mim, e sofrerem, pode ser isso sim...

Mas como disse, ando pensando muito esses dias, e até a tristeza serve para alguma coisa boa.

Vou mudar o que tá de errado em mim e continuar vivendo...

Nunca imaginei que estar sozinho seria um problema pra mim; acho que tô pisciano de mais....

Como a gente nunca imagina que refrigerante faz mal.

Um dia a gente descobre.

Só espero não ter sido muito tarde....

Ficando de boa...

fui.

ps: Ah! ontem ganhei um abraço de um carinha muito fofo....Fiquei feliz....Valew....

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ensaio sobre A Inveja


A QUEM INTERESSAR POSSA...


“ Tenho 33 anos e estou à procura de trabalho como caseira,
tenho disponibilidade para morar no local, e tenho 4 anos
de experiência na área.
Cuido da casa (ou) sítio, tenho curso de culinária e ótima
aparência, sou muito bem instruída e posso cuidar de
crianças.”
A quem interessar possa; Contato: 03134256780
Falar com Marisa Cegalla.


- Vou contar um pouco da minha história e espero que talvez sirva como uma espécie de alerta sobre quem é quem, e o quê é o quê.
Demorei muito para me descobrir; eu como ser humano; pessoa e como o que gostaria de ter sido. Já que hoje é um pouco tarde de mais!
- Tive uma infância difícil, sempre morei com a minha mãe, o meu pai nos deixou cedo; a única coisa que me deixou como sua herança, foi seu nome.
Mantenho contato com poucas pessoas da família dele, uma tia e alguns primos, apenas contatos superficiais, não tenho notícias dele.
No fundo sempre soube que nunca me consideraram uma verdadeira Cegalla .
Sei que é um nome de status, talvez a única família aqui no Brasil, por isso o mantenho e faço questão de que as pessoas saibam de que este é o meu nome, mas no fundo se que este nome nunca me pertenceu e que nunca fiz parte do mundo dos Cegalla, sempre fiz parte do mundo dos Neves (família da minha mãe). Marisa Neves Cegalla. Meu nome!
Desde criança me virei sozinha, tive uma educação rígida e um tanto fugaz.
Minha mãe me espancava de todas as formas, as vezes por capricho ou as vezes porque alguma coisa saiu errado nas ruas.
Não sei de muita coisa, e prefiro não me forçar a lembrar. Só sei que era assim.
- Nunca tive amor de mãe, talvez ela não soubesse o que era amor, e talvez o único amor que ela soube dar tenha sido o amor que ela aprendeu nas ruas, com a violência, ou o amor que meu pai lhe deu; pouco mas deu!
Ela trabalhava duro, para colocar comida na minha boca e tentar me dar o que ela nunca teve.
Conheceu meu pai, ficaram tempo suficiente para me ter; (isso equivale a umas meia hora), depois tempo o suficiente para me registrar, exigir uma pensãozinha barata. E aqui estou!
Bem cedo fui colocada pra fora de casa, e pra dentro do que seria também minha casa, foi colocado um estranho. Não sei por que fui expulsa, talvez tenha sido porque, um é bom, dois é demais e três sobra. Entre ele e eu, ela optou que eu seria a sobra e assim foi.
- Sempre a achei frustrada, infeliz, ambiciosa e arrogante e hoje, sozinha, sem ninguém vejo que o sentimento que ela desperta nas pessoas, foi o sentimento que ela despertou a sua vida toda. Pena!
Sem rumo, fui morar na casa de uma família humilde, ao se informar que eu não estava na rua, mandou um aviso a aquela família de que se não me expulsassem imediatamente da casa deles, ela os denunciaria para o conselho tutelar; sem instrução e com medo, fui colocada pra fora e mais uma vez fui parar nas ruas, sei que depois de tantos desencontros a única tia que tive contato por parte da família do meu pai, me acolheu, e como recompensa por tamanha bondade, servia de empregada e minha existência consistia em permanecer dentro daquela casa. Meus primos tinham tudo o que nunca tive, vídeo game, brinquedos, bonecas e mais ou menos da mesma idade, eu nunca pude encostar em nada deles... Meu ódio e raiva foram me consumindo.
- Um dia num bar, conheci o que seria meu príncipe encantado, o homem dos meus sonhos. Em poucos meses, de namoro dentro de casa, saí casada e livre das obrigações da casa da minha tia.
Coloquei como meta de vida, inconscientemente, me vingar de todo mundo que um dia me humilhou, mas pra mim, dizia que apenas queria realizar um sonho.
Entre idas e vindas descobri quem realmente era meu marido, um estelionatário que mexia com coisas ilícitas. Sem saídas, comecei o ajudar, tentávamos a toda pagar o aluguel, mas o dinheiro não entrava.
Minha única alternativa foi tentar a sorte como meu exemplo de infância.
Saí pras ruas.
- Meu marido me levava para um ponto específico, numa esquina específica e de longe ficava me vigiando, eu ia com o cliente para um motel próximo dali, meu marido me esperava na porta do motel, e depois ele me levava para o mesmo ponto de início, e assim ficávamos a noite toda.
Conheci muitas pessoas, passei a ter muitos contatos, num desses contatos soubemos de um casal de velhos que precisavam de caseiros que tomassem conta do sítio deles, a gente teria que morar lá e por mês ainda receberíamos uma quantia em dinheiro, era a oportunidade de ouro, sair do buraco onde morávamos e ir morar numa casa, mesmo que nem tanto, mais decente da antiga.
- Conseguimos o emprego, saí das ruas e é aí que começa minha história.

O novo patrão era um homem “integro” e supostamente generoso. Sua esposa era doente e ambos eram velhos.
Em alguns finais de semana eles apareciam e verificavam se estava tudo em ordem.
Um dia meu patrão chegou sozinho no sítio.
Iniciei uma conversa um tanto ingênua com ele, mas por trás é claro existia a oportunidade que mudaria minha vida.
Há essa altura já estava grávida do meu marido; mas meu patrão não sabia de nada.

Existem quatro etapas para se ter alguém em suas mãos.
Primeira: amizade - se torne amigo, íntimo, troque confidências, concorde, ajude, dê presentes.
Segunda: confiança – faça seu filme, mostre o quanto é confiável, venda seu produto que é você.
Terceira: persuasão – tente sutilmente fazer com que essa pessoa te escute, te admire e queira ser como você, assim ficará mais fácil dela seguir seus conselhos.
Quarta e última: encontros – independente do que você diga para uma ou outra pessoa, se é verdade ou se é mentira, saiba que a única forma de persuadir alguém é fazendo ela acreditar, mesmo que seja numa mentira, por isso nunca deixe com que duas pessoas que te conhecem e que estão no mesmo jogo se encontrem.
Nunca!
- Iniciei então uma amizade com meu patrão, trocas de experiências, sempre o elogiei e sempre me mostrei muito interessada em tudo o que ele dizia, ele me contava sobre seus problemas e eu o escutava sem levá-lo nenhum problema meu.
Mais tarde o fiz confiar em mim, mostrei como eu era persistente e hora nenhuma soltei meias palavras perto dele, o que é um perigo se a pessoa é atenciosa.
E depois disso tudo, O Golpe De Mestre.
O persuadi, mas é claro que como todo e qualquer homem, dei a única coisa que uma mulher pode oferecer a um homem.
E as trocas começaram.
- meu marido ganhou um carro, nosso salário foi aumentando, a mulher dele adoecendo e eu com a saúde em alta o consolava e ajudava a enfrentar seus problemas.
Quando minha filha fez um ano, me separei do meu marido, ele saiu do sítio e foi morar com uma outra mulher, as tarefas agora eram só minha. Desolada e muito triste pela perda do meu tão amado e idolatrado bom marido, demonstrei minha tristeza para meu patrão e como generosidade ele me deu uma casa. Saí do sítio.
Por mês ele me dava cerca de mil e quinhentos e iniciei uma faculdade ás custas da bondade do meu, agora, ex- patrão.
E é claro que a sua família desconhecia toda essa amizade entre nós.
- parte do que eu sempre quis que acontecesse, estava a caminho.
A moça ingênua, que era espancada pela mãe e humilhada pelos primos e tia estava mudada, era agora uma mulher.
Ter tudo o que minha mãe teve, ter o conforto que a mulher do meu patrão tinha e mostrar pra todos que eu v4enci por conta própria era e sempre foi meu único objetivo.
Em pouco tempo, minha mãe ficou sozinha teve que mudar da casa que era nossa, uma casa de dois andares toda reformada e foi morar num cortiço, meu padrasto a trocou por uma menina de 20 anos e ela dependia de mim até para comer. Vez ou outra eu depositava um dinheiro para que ela fizesse suas compras.
Estava tudo caminhando como planejei.
Mas ainda faltava algumas pessoas.
- meu ex marido estava praticamente casado com outra, o fato de vê-lo depois de tudo que passamos juntos, com outra mulher despertava em mim um sentimento que não sei explicar, ódio, vingança, frustração. Por não ser eu a mulher ali do seu lado.
Eu agora bem sucedida, com casa própria e dinheiro trocada por uma negra qualquer.
Isso eu não conseguia engolir.
Como forma de atingi-lo no âmago, comecei a proibido de pegar meu filho nos finais de semana, como desculpa usei uma certa vez que meu filho saiu com ele e a mulher negra, e ela o perguntou para meu filho o porquê de eu não gostar dela. Usei o fato e o argumento de que ela interrogava uma criança. Ele não viu meu filho mais.
Agora sim estava satisfeita.
- na época em que trabalhava nas ruas peguei um contato de um político em ascensão, sem ele saber do que eu trabalhava me aproximei dele.
Usei os meus quatro passos e em pouco tempo estava tendo um relacionamento com ele.
Ou pelo menos era o que eu acreditava que estava acontecendo.
Mas na verdade estava interessada somente na vida estável que ele poderia me oferecer e aí desgarrar da barra da calça do meu ex – patrão que ainda me sustentava.
Queria ser sua mulher, ser mulher de um homem de renome, ser uma dama da alta sociedade, mas ele não me via como tal, achava que eu não tinha classe e inteligência suficiente para ser apresentada como sua esposa, e me colocava no lugar onde realmente eu deveria estar. Na cama!
- sem me conformar com essa situação, pensei em dizer que estava grávida ou coisa assim, mas calculei que se não desse certo, minha vida acabaria.
Continuei me submetendo aos caprichos sexuais dele e em troca ter um contato a mais, de um nome do alto escalão que futuramente poderia servir para alguma coisa. Uma certa vez ele desabafou comigo sobre seus rivais políticos e me contou toda a sujeira por debaixo dos panos que ele e outros faziam por ai, gravei tudo com um gravador que estava na minha bolsa, ciente de que um dia poderia usá-lo para algum fim.
- nesta mesma época reencontrei alguns amigo, sempre usei a máscara da mãe zeladora, generosa mulher e fiel amiga com todos eles.
Mas por trás disso tudo era uma mera máscara, nunca dei um ponto sem nó, nunca disse uma palavra sem que por trás não houvesse um objetivo, os fiz acreditar que no meu passado fui uma coisa que não fui, disse parte da verdade para aqueles que considerava mais, mas para cada um dizia uma verdade incompleta.
Disse que meu passado foi triste, fui expulsa de casa, depois que casei ainda morávamos no mesmo lote que minha tia e não agüentando meu marido ser humilhado por causa de comida, tive que sair as ruas para tentar ganhar dinheiro e colocar comida nas nossas bocas, trabalhava numa das boates mais renomadas da cidade e por noite chegava a ganhar 800 a 900 reais, mas sai somente 3 vezes, já que odiava o trabalho e me sentia usada, fomos morar de caseiro e por meu ex- patrão ser um ex padre e muito generoso me deu uma casa do valor de 50 mil, me dava uma mesada de mil e quinhentos e pagava minha faculdade.

Você acreditaria nessas histórias?
Eles acreditaram. Ou fingia que acreditavam e eu confiava na crença deles.
Talvez meu maior erro foi não ter dito a verdade sobre tudo, nunca dei valor para amigos, tive vários mas aos poucos muitos deles se afastaram, hoje vejo a importância de ter dito e colocado tudo em pratos limpos, talvez hoje estaria em outra situação.

Consegui muitas coisas da minha vida com chantagens, mas nunca as coloquei dessa forma, era uma gravação ali, ou um segredo que descobria acolá, assim ia...
Somei a discórdia, dizia uma coisa para um ali, e outra para outro, me achava superior e esperta.
Errada!
Não era por maldade mas nunca se sabe o que pode acontecer. E não se esqueça “tudo o que você disser para mim, pode ser usado contra você .”
Sempre passei muita confiança, ate então a visão que as pessoas tinham de mim era a única que eu os deixava ver. Amiga leal.
Contava parte do meu passado e a sujeira da minha vida jogava para debaixo do tapete.
Resumindo tudo talvez minha vida tenha sido isso mesmo. Suja, e um grande jogo de interesses.
Menti pra mim mesma.
Me forçava a gostar de coisas intelectuais, de livros bons, mas na verdade, por trás disso tudo estava a vontade de me tornar a mulher perfeita para o político dos meus sonhos.
Engano!
Sempre tive livros e livros na minha estante, desde Nitche até Machado de Assis; livros empoeirados, nunca os li, mas as pessoas acreditavam que eu os lia.
Talvez seja isso, ou o problema de tudo ter dado errado, sempre fui muito competitiva, aprendi a ter que ser a melhor, em tudo.
Sempre procurei saber em que lugar as pessoas estava e sempre fiz de tudo para mostrar que eu poderia chegar em primeiro, nunca fui atrás de cultura por que eu gosto, de intelecto por que amo ser culta, mas sempre para mostrar para as pessoas que eu estava indo, que minha vida era esta.
Não percebia que essa ganância por ter que ser melhor, não era uma ambição boa, e sim um veneno que eu tomava aos poucos e que no final acabaria comigo de vez.
Não terminei de fazer minha faculdade, repeti vários períodos e acabei não me formando.
Confundi ambição com vergonha de mim mesma.
Nunca gostei de ler, mas dizia que gostava, nunca gostei de nada mais profundo mas dizia que sim.
Aproveitei e mantive a todo custo amizades que me traziam cultura grátis por perto mesmo que para isso tivesse que comprá-las com presentes e elogios.

Sempre tive várias mascaras e com cada pessoa usava uma e nunca misturei minhas amizades porque sabia que se elas se encontrassem, aos poucos como num quebra-cabeça descobririam quem eu sou e do que eu sou capaz.

Quem eu sou?
Sou várias em uma, danço conforme a música, nunca fui quem eu verdadeiramente sou, porque entre tantas e outras, me perco numa Marisa que não tem fim.
O verde dos meus olhos são secos, vazios, frios, e não sei que verde é o meu.
Meu eterno labirinto.
Minha interrogação.

Sou capaz de tudo pelo o que eu quero ou para ver infeliz àqueles que tiveram o que eu não tive.
Me considero uma justiceira, faço pagar aqueles que nunca deram valor para suas coisas, e mostrá-los que eu dou, como se deve ser feito.
Sempre me questionaram sobre estar sozinha, e sempre disse que era por opção, ou por desilusão pelo amor.
Mentira!
Sempre estive só (e no fundo sabia) que era porque nunca amei, como mulher, mãe e amiga, se eu nunca amei, como poderia fazer com que me amassem.
Como disse, nunca amei, sempre competi.
Sabe como você percebe que tem os sentimentos que eu tenho? Quando você se irrita porque uma mulher sabe andar de salto e você não, daí você diz : - olha que mulher vulgar!
Ou quando você vê uma pessoa subindo na vida e você diz: - só porque começou a fazer uma faculdade ficou metida.
E na maioria das vezes a pessoa continua a mesma, e você se pega inconscientemente querendo fazer uma faculdade, e sabe que se você estivesse fazendo você sim, estaria metida.
Sempre fui frustrada e sempre tive o poder (ou achava que tinha) de “unir e desunir” as pessoas, amores, amizades.
Mas só não sabia que meu castelo de cartas, meu jogo favorito estava prestes a cair.
E me esqueci do meu próprio jogo, das minhas próprias regras.
Me esqueci que para ter alguém na sua mão, não são apenas 3 etapas e sim 4.

Vou repeti-la.
Quarta e última: encontros – independente do que você diga para uma ou outra pessoa, se é verdade ou se é mentira, saiba que a única forma de persuadir alguém é fazer com que ela acredite, mesmo que seja numa mentira, por isso nunca deixe com que duas pessoas que te conheçam, ou que estão no mesmo jogo se encontrem.
Nunca!

Este foi o meu erro.
- amigos se encontraram, casais trocaram idéias sobre assuntos particulares que eu tinha com cada um, meu passado aos poucos se encontrava com o meu presente e meu futuro.

Aos poucos as minhas mascaras tomavam formas e caiam.

- eu fiquei presa na lama das minhas mentiras, das minhas arquitetações, planos...
só quis me proteger e ao meu filho...
e pra isso usei todas as artimanhas que conheço, fui nefasta e ardilosa, tentei segurar perto de mim pessoas que me seriam útil no futuro, como disse: - Um jogo de interesses.
Mas esqueci que ainda existem pessoas que não gostam de jogar e que não se preocupam em perder.
Me perdi.
O meu outro erro foi viver minha vida querendo ser alguém que eu nunca vou ser:
Bem sucedida, primeira dama, inteligente...
Tive forças, e todas usei para destruir sonhos e construir os meus, se estava do meu lado, caminharemos juntos e o ajudarei a realizar seus sonhos, mas se estiver na minha frente, saía, porque se não, não esitarei em passar por cima.
E também não correrei o risco de virar uma estátua de sal, porque nunca olho para trás, sempre para frente.
Sempre.

- as vezes me pego brigando com meu filho.
Vejo minha mãe. Me arrepio.
O ensinei desde cedo a se chamar pelo nome Cegalla, tenho orgulho de um nome que nunca fez parte de mim, e que lutei em vão para que um dia fizesse.
- aos poucos as coisas vão clareando, a idade passa e você vê o que poderia ter feito para ter sido diferente.
Vejo que vivi a vida da minha mãe, criei meu filho como ela, trabalhei no que ela trabalhou e me tornei ela, Neves. Sem Cegalla.

-hoje estou aqui, sem trabalho, morando na casa da minha tia, já que a família do meu patrão descobriu tudo e tomaram a casa de mim, ele cortou tudo e desapareceu da minha vida.

Lembro-me uma vez que meu ex-marido me disse que eu não era digna de criar nosso filho, eu indignada comecei a rir e o disse que ele muito menos, já que não passava de um pedreiro morto de fome, ele serenamente me respondeu: - um pedreiro sim, não posso dar uma escola particular para meu filho, e nem roupas de marca, mas tudo que posso dar para minha filha vem do meu suor.
E você? O que dá para ela que vem do seu suor?

Deveria ter parado ali, ter pensado mais, mas continuei, quis ir até o fim. Dado outro rumo para minha vida, parado de usar as pessoas, parar de tentar sugar o que elas tem de melhor e me tornar um pouco de cada uma, me transformar em sentimento, inteligência, sinceridade, generosidade, originalidade e em ser humano.

- hoje sozinha , sem meu filho por perto, já que meu marido ganhou a guarda dele, no final de tudo quando realmente meu castelo caiu, as mentiras foram descobertas, e a verdade veio a tona, me vejo olhando para essas dezenas de máscaras quebradas no chão e tento descobrir se algum dia alguma delas teve um pouco de mim.

Estou com esse novo anuncio, preciso urgentemente de um trabalho, que me ajude a terminar o que era pra ter terminado, sem ex- patrão, sem amigos, sem meu filho a única coisa que me resta é tentar uma nova chance e ver se consigo algum emprego de caseira.
Tentar a vida. Hoje sei no que errei, e garanto que aprendi.
Trabalhar cuidando de uma casa é o que eu sei fazer de melhor.
Você não acha?

E não se esqueça nunca.

Demônios também existem.